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terça-feira, 28 de outubro de 2014

GRÊMIO ESTUDA COMO A ARENA TERÁ LUCRO

Redação: Victor Thompsen / Produção: @rsesporte_com / Fotos: Google Imagens 


A compra da Arena pelo Grêmio, anunciada na última semana tem gerado muitos questionamentos a torcedores e dirigentes do tricolor. Embora o Grêmio confirme a compra do estádio, a OAS, empresa responsável pela construção do mesmo, ainda não se posicionou sobre o assunto, deixando um ar de mistério sobre o negocio.

No próximo mês o Conselho Deliberativo do Grêmio deverá se reunir para votar o documento de compra do estádio e mediante a isso a diretoria gremista já estuda maneiras de lucrar com a aquisição do estádio. O tricolor pagará R$ 360 milhões a OAS, em 20 anos para ter o estádio em definitivo. Nos primeiros seis anos, serão parcelas de R$ 24 milhões anuais. Depois, o valor será divido em 14 vezes de R$ 15,4 milhões por ano.

Para arcar com esta despesa extra e ainda bancar os R$ 40 milhões do custo operacional do estádio, o Grêmio cogita dobrar o ganho com o Quadro Social — dos atuais R$ 5 milhões para R$ 10 milhões mensais, alem disso o tricolor pretende faturar com o aluguel de salas comerciais instaladas na Arena. Restaurantes, espaço para crianças, shows e parcerias com diversas empresas surgem nas projeções gremistas, algo semelhante ao que o rival Internacional faz no novo Beira-Rio.

Nos primeiros anos da Arena o Grêmio teria gastos de R$ 5,3 milhões, sendo destes R$ 2 milhões do valor referente ao pagamento do estádio a OAS e R$ 3,3 milhões de operação da Arena. Dessa maneira o crescimento do faturamento do quadro social gremista seria de fundamental importância e uma saída positiva para o clube.

De acordo com o especialista em Marketing Esportivo e coordenador da Empresa Jr. da ESPM-Sul, Fernando Trein a compra do estádio já significa uma diminuição nos gastos do clube em relação ao que era pago a empreiteira. "O Grêmio deve ter estudado a fundo exatamente essa questão das finanças, da condição que tem hoje, e da condição futura que deve ter adquirindo a Arena. Com a negociação anterior com a OAS, tinha que ser repassado um valor referente aos associados a ser pago anualmente. Isso já é a diminuição de um custo. Em tese, é um dinheiro que começa a sobrar no caixa", afirma Fernando Trein.

O especialista defende ainda que o clube pode se utilizar dos dias do jogos para arrecadar mais, como ocorreu no chamado "Match Day" durante a Copa do Mundo. Uma série de atividades ocorrem antes da partida que viabilizam renda para o clube. "É uma questão de administrar melhor as receitas nos dias de jogo, trazer mais empresas. Na Copa do Mundo, não era apenas um jogo de futebol, mas uma série de entretenimento, algo oferecido pelas empresas para os torcedores. Espaços inclusive para as famílias. É preciso buscar outras possibilidades para fazer com que as pessoas entendam que não estão pagando apenas um valor nominal (pelo ingresso), mas que vem agregado a benefícios", acrescenta.

Para o gerente da área de esportes da consultoria BDO Brazil, Pedro Daniel a compra da Arena é um aditivo positivo para o tricolor, referindo-se a diminuição dos gastos. "Está se vendendo no Brasil a ideia de que naming rights é a exploração do nome da marca. Mas, na verdade, é uma plataforma comercial para essa empresa que está investindo, não simplesmente aparecer na televisão. O cliente ou sócio pode ganhar benefícios exclusivos lá dentro".

o Grêmio viu sua dívida aumentar 46% de 2012 para 2013. E mora nesta constatação a preocupação do torcedor quanto ao pagamento integral da Arena. O clube fechou o ano passado com R$ 249,2 milhões em despesas frente a uma receita de R$ 197,7 milhões, gerando déficit de R$ 51 milhões.

Um estudo feito pela BDO Brazil constatou que em 2013 os 24 maiores times brasileiros investiram 77% das receitas em futebol. No caso gremista, o gasto chegou a 82%. O parâmetro ideal é apontado entre 60% e 65%. "O Grêmio formou um time muito caro, mas a receita não foi compatível. A consequência disso é o resultado operacional. Nada mais é do que um retrato do futebol brasileiro hoje. Quando você investe muito em salário de atletas, por exemplo, não necessariamente significa retorno. Ao pé da letra, é um investimento arriscado. Deveria ser uma consequência", explica Pedro Daniel.

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