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sábado, 15 de fevereiro de 2014

EM MARATONA, ATLETA GAÚCHO CEGO ATRAVESSARÁ O SAARA

Redação: Victor Thompsen / Produção: @rsesporte_com / Fotos:  Reprodução Facebook


Superação: Atleta deficiente visual, representa 
Rio Grande do Sul em Maratona no Deserto do Saara

Sabe aquelas histórias de superação que você só vê em filmes, onde pessoas superam adversidades para vencer na vida. Pois bem essa também é a história de Vladimir dos Santos, aos 41 anos, e deficiente visual, o Rio-Grandino se prepara para disputar mais uma maratona. Esta nas areias do Deserto do Saara.

Vladimir é natural de Rio Grande e desde a infância fazias das ruas da cidade suas pistas de corrida. Tudo não passava de uma brincadeira, mas 30 anos mais tarde após perder a visão devido a uma degeneração de retina, o que não passava de apenas um hobby se tornou para Vladimir uma ferramenta para combater os percalços da falta de visão. Na quarta-feira, o maratonista embarcou a caminho do Deserto do Saara onde disputará a Maratona das Areiasum percurso de 260 quilômetros divididos em seis dias, considerado pela revista "Time" o mais exigente do planeta.

O forte calor, que pode chegar a 54ºC de dia, o frio de 4ºC à noite e o vento de 100 km/h são apenas alguns dos desafios enfrentados pelo atleta, que ainda terá de se preocupar com animais peçonhentos como cobras e escorpiões, característicos do Deserto do Saara. Para enfrentar essas adversidades, Wladimir tem aproveitado o forte calor da região sul do Brasil, que tem atingido facilmente os 40ºC, e treinado sob o sol escaldante do meio-dia na praça Saraiva, centro de Rio Grande, intercalando entre grama, areia e saibro.

Embora saiba que o Saara será um desafio muito grande, o atleta já enfrentou uma maratona com características parecidas no ano passado, quando disputou o Atacama Crossing, no deserto chileno. Na ocasião Wladimir foi o 67º colocado e foi condecorado com o troféu Spirit, dedicado ao atleta mais inspirador e com mais espírito esportivo.

Ao lado de Alex Silva, seu amigo e guia nas competição, Wladimir embarcou na quarta-feira a caminho da Jordânia, onde ficará hospedado até o sábado, quando os dois embarcarão em um ônibus até o meio do deserto, onde montam acampamento. Os dois são patrocinados pela PWC Assessorias e Evoke Veículos, pagaram 7,2 mil dólares pelas inscrições, o equivalente a mais de R$ 17 mil. Não há recompensa em dinheiro para os vencedores da prova. O principal prêmio, segundo o atleta, é a solidariedade entre os maratonistas. Nessas competições, diz ele, muita gente luta por suas causas particulares: tem gente que quer homenagear um familiar que morreu, outros buscam pagar uma promessa. ONGs também participam, com o objetivo de espalhar sua mensagem.

Wladimir não terá nenhuma vantagem sobre os demais atletas, ele está na categoria geral. Em entrevista a jornalista Luisa Martins, ele afirma que a única diferença para os demais atletas é que conta comum guia. "A única diferença é que eu corro com um guia. Ele vai ser meus olhos durante o percurso", diz o rio-grandino, referindo-se ao amigo Alex Silva.

Segundo o atleta, as maratonas servem para as pessoas superarem limites, quem vence é o que menos importa. "Vê-los de novo vai ser formidável. Essas maratonas são uma grande festa. As pessoas estão ali para superar seus próprios limites, ninguém quer vencer ninguém. Quando alguém cruza a linha de chegada, toca uma buzina, e os que já chegaram aplaudem, comemoram".

Para superar a dificílima maratona, Wladimir carregará uma mochila, onde terá seus pertences pessoas e comida para os seis dias de prova. Os equipamentos para o desafio são um saco de dormir, kit de primeiros socorros, bússola, roupas extras, água e outros mantimentos somam 13,4 quilos aos 61 do atleta.

Entretanto o maior incentivo do maratonista está em sua mão, três alianças de ouro, onde expressa o amor pela mulher e pelas duas filhas. "São o meu amuleto. É o que me dá a certeza de que, apesar da deficiência, posso fazer o que quiser", diz o atleta.

Embora ainda não tenha nem dado inicio a disputa da maratona no Deserto do Saara, Wladimir já projeta novas competições em 2015. A ideia do atleta é participar da maratona do deserto de Gobi, na China, e a Ultramaratona de Gelo da Antártida.

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