GREMISTA ESCREVE SOBRE FERNANDÃO

Redação e Produção: @rsesporte_com / Fotos: Google Imagens

Está circulando pelas redes sociais um texto escrito por um gremista nominado como Anderson Dornelles, onde ele fala sobre os últimos fatos referentes a morte do eterno ídolo colorado Fernandão, narra os diversos acontecimentos que foram presenciados por este torcedor do Grêmio nas conquistas do clube e no fim ele pede perdão pela ofensa feita por parte da torcida tricolor no Grenal 402.

Sem dúvida uma bela iniciativa. Ah, se tudo no futebol fosse assim, só teríamos alegrias e orgulho do nosso esporte bretão. Confira abaixo o texto na íntegra.

"O futebol já me proporcionou muitas alegrias. Vi meu time ser campeão brasileiro no último minuto. Vi ele ganhar uma vaga na Série A com 7 jogadores em campo e com 2 pênaltis contra. Vi pararmos o melhor time do mundo no campo e só sermos vencidos nos pênaltis. Vi calarmos um Maracanã lotado. Da mesma forma, tive minhas tristezas. Vi ele ser rebaixado. Vi ele perder finais. Grenais. Ontem foi mais um. E para mim, foi isso.  Apenas mais um. É ruim. Ninguém gosta de perder. Mas a vida segue.

Mas em alguns momentos até a vida deixa de seguir. No dia 07 de junho deste ano, Fernandão, um dos maiores ídolos da história do Internacional, talvez abaixo apenas de Falcão, o homem que ajudou a resgatar a moral colorada, o homem que ajudou a dar o mundo para a metade vermelha do estado, o homem que foi exemplar dentro e fora de campo, o homem que acima de jogador, dirigente, técnico e comentarista, era pai, marido, filho...morreu. Sim...os mitos também morrem.

A morte de Fernandão na flor dos 36 anos veio para mostrar que tudo, até o mais sagrado, que é a vida, é efêmero. Veio para nos lembrar que não somos imortais. Veio para mostrar que carne dói, carne sangra...carne morre.

Os acontecimentos que se seguiram a tão trágica morte (e qual não é?), mostraram que podíamos ainda ter esperança no ser humano. Gremistas fardados indo ao Beira Rio para prestar suas homenagens ao ídolo rival. Arena iluminada nas cores do rival e bandeira gremista a meio pau. Gremistas postando fotos do jogador em suas fotos de capa e perfil de redes sociais. Quantas barbáries assistimos dentro e fora dos gramados por causa desse divertimento chamado futebol? Nesse dia tudo mudou!

A morte de Fernando Lúcio da Costa, que encheu nossos corações de tristeza, também nos encheu de esperança em um futuro melhor.
Mas tudo acabou ontem!
Ontem a esperança também se fez efêmera.
A esperança doeu.
A esperança sangrou.
A esperança morreu.

Ontem, quando centenas de torcedores do Grêmio, dentro do Beira Rio, com o único propósito do deboche, da chacota, do achincalhe...gritaram a plenos pulmões: "ÔÔÔÔÔ...FERNANDÃO MORREU...!", morri um pouco junto.

Gritaram com orgulho. Com o mesmo orgulho de quem só comemora vagas a Libertadores. Com o mesmo orgulho de quem não ganha Grenais, há 2 anos. Com o mesmo orgulho de quem não ganha títulos de importância há 13 anos, que não ganha títulos nacionais há 9 e não ganha título algum há 4. Com o mesmo orgulho de acreditar em fórmulas mágicas como um presidente sem saúde para gerir e um técnico sem táticas novas para usar. Com o mesmo orgulho de quem traz o maior ídolo para treinar o clube e depois o enxota pela porta dos fundos, e que depois FAZ DE NOVO!
Cantaram no Dia dos Pais. Dia que os filhos de Fernandão não comemoram mais, porque o deles se foi.

Cantaram, porque não podem mais cantar vitórias.
Cantaram, porque não sabem tratar bem nem seus próprios ídolos.
E eu como gremista, me pergunto: FERNANDÃO MORREU MESMO?
Não!

Fernandão é eterno! Nos gols! Nos chutes! Nos cabeceios! Na liderança incontestável. Nos títulos! Na braçadeira! No caráter irrepreensível. Na conduta ilibada dentro e fora de campo, Fernandão era tão exemplar que NUNCA falou uma vírgula contra o Grêmio. Os torcedores (que só ouso chamar disso, nunca de seres humanos, pois não se portaram como tal), desconhecem, que o Grêmio tentou contratá-lo antes?

Os torcedores (que mancharam a história do Grêmio com a atitude desprezível de ontem), desconhecem que a estrela dourada na bandeira do seu clube do coração, se refere ao ídolo Everaldo, para muitos o maior lateral esquerdo do Grêmio, que foi campeão do mundo com a Seleção em 70, como titular, e que, pasmem: MORREU jovem, em um acidente de carro?
Ontem, o futebol morreu mais um pouco. Ontem a esperança morreu mais um pouco. Ontem a civilidade morreu mais um pouco. Ontem, o ser gremista morreu mais um pouco.
Mas não, Fernandão!
Heróis do caráter não morrem jamais!
Perdão, Capitão!
Perdão!"